quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Escatológico: Pombos, ratos com asas

Em vez de me limitar às habituais coisas sem nexo, desta vez, decidi escrever uma dissertação sobre excrementos. Dejectos, cocós, porcarias, bosta, scheiße, shit, merde, mierda, merda, σκατα, kak, tiko, muti, lort, cack, tabernac, pokh, kaka zaharra, dong, hovno, szar, khra, sundace, stront, guvno, dritt, shudas, ga’o, tae, tatti, kuso, 屎, căcat… e por aí adiante.

Vá-se lá saber porquê, independentemente do nome, não gosto de excrementos. Curiosamente, também não faço grande distinção entre excrementos de pessoas ou de animais. Cães, gatos, ovelhas, burros, vacas, tartarugas, golfinhos, cavalos, elefantes, pulgas, girafas... entre outros animais terrestres, marinhos e voadores. Não vale a pena identificá-los a todos porque esta dissertação apenas vai debruçar-se sobre o excremento do pombo.

Definitivamente, não gosto. Não gosto, não gosto, não gosto. Não gosto! Não gosto de ver, não gosto de cheirar e não gosto de limpar. Especialmente de limpar. E embora o tamanho do animal de onde provém o excremento não seja de desprezar – certamente, um excremento de rinoceronte será mais problemático do que um excremento de pombo - há outras variáveis a ter em conta. Nomeadamente, ainda não vi nenhum rinoceronte a passear nas ruas de Atenas e nenhum elefante ainda se lembrou de vir “socializar” e CAGAR à minha varanda.

Depois, os pombos são como ratos com asas. São uma praga urbana e aqui em Atenas, principalmente no centro, é um verdadeiro problema. Estão habituados à presença humana e pode-se dizer que estão domesticados.

Para mim, o facto de não se assustarem facilmente, acabou por ser uma vantagem porque me facilitou a tarefa na hora de lhes partir o pescoço. Não, mentira.

O que eu fiz mesmo foi colocar arroz misturado com cimento na varanda. Não, também é mentira. Informei-me e isso é considerado crime ambiental. Não que a ideia de homicídio em massa por envenenamento não me tivesse passado pela cabeça, mas, achei que não valia a pena ter problemas com a polícia por causa de pombos.

O que é verdade é que, mesmo assim, descobri que consigo ser mais palerma, fazer mais excrementos e ser mais inteligente do que (alguns) pombos. Há uma frase de eu gosto muito, exemplifica bem o meu dilema, e é a seguinte. É igualmente perigoso: uma faca nas mãos de um psicopata e a inteligência nas mãos de um malvado.

Enquanto o recurso à inteligência seria, certamente, a forma mais cómoda de resolver a questão a faca foi, seguramente, mais saborosa. E assim começou a minha cruzada pessoal contra os ratos/despertadores com asas. Neste momento, no mundo dos pombos, a minha varanda deve ser o equivalente do Inferno e posso garantir que os pombos de Atenas devem ter pesadelos com tudo aquilo que lhes fiz (atenção, foram eles que começaram).

A receita para a limpeza inicial dos excrementos na varanda foi muito simples: 5 litros de água a ferver, adicionar uma embalagem de Cilit Bang, despejar o liquido fumegante sobre os excrementos e observar à distância a cascata de excrementos que se formou (i.e. também tinha alguns vizinhos barulhentos e, assim, “mataram-se” dois pombos de uma só cajadada).

Em relação a livrar-me dos pombos; primeiro, tirei um tijolo idiota que estava na varanda e era perfeito como retrete e, segundo, que chacina, eu próprio fico assustado com os limites mórbidos da minha mente. Fizeram parte do meu arsenal de ataques; lança-chamas artesanal (o meu preferido), choques eléctricos, torturas várias que envolveram o lançamento de água gelada alternada com água a ferver (bárbaro!), privação de sono com lanternas (descobri que sou mais teimoso que um pombo), bombinhas de Carnaval, entre outras mais rudimentares como a biqueirada a meio da noite (alvorada) e o simples enxotar com um pano.

Entretanto, passados 6 dias, como os pombos devem ter algum tipo de memória muscular (Pavlov explica isso algures na wikipédia) e possivelmente comunicam entre si, para além de terem abandonado não só a minha varanda como o meu prédio, agora, quando ando na rua afastam-se a uma distância de 2 metros.

Fiz muito, admito, e o horror... mas sempre em auto-defesa (digamos que os fins justificaram os meios) e não voltemos a falar nisto.

4 comentários:

Simãozinho, o Bife disse...

Luzio, o terror dos pombos...Se isso se espalha nem os do Rossio se chegam a ti heheh

Deixem jogar o Mantorras disse...

Gostei especialmente do Alvorada Camarada!!!
Suerte,
xico

Ba disse...

Fantástico!
Tenho um problema com uma vizinha que costuma alimentar os pombos, que já passaram a viver na redondeza. Na busca de informações um pouco mais detalhadas para escrever um post sobre o assunto em meu próprio blog, encontrei o seu. Muito educativo!
Deixo aqui meus parabéns! (não, eu não estou brincando! hehe)
Abraço

Anónimo disse...

Olha, eu to com um problema com pombo na minha varanda que vc nao tem ideia! to buscando coisas pra me livrar de um casal que ate ovo ja colocou na minha varanda!!

odeio pombo, bato vassoura e quero eles bem longe de mim! acho um absurdo quem os alimenta, e nao quero mais que eles se reproduzam, eu entendo sua raiva mas preciso dizer que tortura eu ja acho sacanagem...

que bom que vc conseguiu se livrar deles pelo menos