domingo, 6 de janeiro de 2008

Θεσσαλία

Seguiu-se a região da Tessália e foi aqui que as coisas começaram a ficar realmente interessantes. Não que Delfi & companhia tivesse sido aborrecido, afinal, brincar às batalhas com 23 anos de idade e passar o dia de Natal a 1000 metros de altitude num templo pagão na companhia de 2 muçulmanos é engraçado, senão patético. Mas foi tudo muito planeado, talvez, por ser a primeira parte da viagem: visitar museus, tirar fotografias, comer em restaurantes, dormir em hotéis com vista para o Mar, etc. Numa só ideia: demasiado turístico (para os objectivos desta viagem).

Felizmente o tempo, que já era mau, começou a piorar e decidi cortar Pélion do roteiro. Na verdade, foram o Rachid e o Reda que cortaram a cabeça à ideia e eu assenti; aquilo é longe para caraças, as estradas são más e dizem que é preciso, no mínimo, 3 dias para visitar. O facto de conferenciarem constantemente em árabe também fez com que me sentisse um refém e preferi não protestar.

Com esta decisão ganhámos cerca de um dia e decidimos fazer aquilo que normalmente se faz quando se tem demasiado tempo livre: palermice.

Rapidamente deixámos de usar o mapa porque, simplesmente, as estradas deixaram de estar no mapa. Passámos a orientar-nos pelo cheiro das oliveiras, pela beleza das árvores no Inverno e pelo frio nos ossos. Regra geral, andámos sempre perdidos.

Gosto dessa sensação de “Uau, as coisas estão a ficar sem controlo” e sinto sempre uma espécie de excitação anárquica quando vejo que aquilo não deveria ter acontecido mas que afinal é tão bom. E foi isso que aconteceu quando o eremita Barnabé me sussurrava ao ouvido a direcção de Meteora. Dizia ele; “vais sempre em frente em direcção à árvore branca, aí viras à direita (Δεξιά, porque o Barnabé só falava grego) e sobes, sobes, sobes, sobes, sobes… descansas um bocadinho e continuas… sobes, sobes, sobes e sobes até veres um campo de futebol no meio do nada. Resistes à tentação de dar uns toques até porque não tens nenhuma bola e continuas. Sobes, sobes, sobes e sobes pelo meio de nevoeiro, neve e caminhos enlameados que talvez chegues lá neste belíssimo veículo. Talvez. Em Meteora vais descobrir as escadas do paraíso… podes estar descansado que vais estar na mais plena solidão… não há ninguém suficientemente ESTÚPIDO para ir a Meteora num dia destes!” Eu limitei-me a agradecer ao Barnabé; “Está bem. Muito Obrigado! Adeus” (Εντάξει. Ευχάριστο πολύ! Γεια σας, porque o Barnabé só falava grego). E segui o meu caminho. Sempre a subir.





É uma história ligeiramente exagerada. Pelo menos penso que aconteceu, mas há uma estranha sensação na minha mente de que isso possa ter acontecido com outra pessoa – um tipo qualquer chamado Hélio Mandráki Fischer von Erlach Péricles – mas lembro-me nitidamente de isto ter acontecido: a mim ou a ele.

3 comentários:

Simãozinho, o Bife disse...

Epah, essas fotos estão dignas de postais. Simplesmente brutal.

Gisela disse...

Meteora sem nevoeiro e com um solzinho tem uma vista maravilhosa sobre Kalampaka (se não me engano)!
Faltou-te uma coisa: não descreveste a lenda deste sítio! ;
De resto, as fotos estão fantásticas!

Beijinhos

Miguel Tavares de Pinho disse...

Tu tens uma vida do caraças, porra. Devia ter ido p economia, ser advogado é BORING!!!
Deixa lá que em Abril vou aí chatear-te e quero ver essas merdas todas!