domingo, 16 de março de 2008

Droméas

Atenas é a segunda cidade a nível mundial, logo a seguir a Nova Iorque, com maior tráfico de carros nocturnos. Este vídeo foi gravado por volta das 4.00 a.m. de ontem e podem ver a quantidade absurda de carros e engarrafamentos. Nesta noite fui a pé desde Psyri até Panormou, num total de 50 minutos. Porque é que fui a pé? Porque não havia metro, porque não tinha pressa, não estava cansado, sou amigo do ambiente, não queria gastar dinheiro e provavelmente ia demorar pouco menos tempo se fosse de táxi ou autocarro. E estava uma noite agradável. Como um bom economista, após uma rigorosa análise custo-beneficio decidi ir a pé e não me arrependo. Atenas é bem mais bonita à noite do que de dia.
E logo à noite é certo que o Benfica vai recuperar o 2º lugar (independentemente do tema que estou a escrever vai haver sempre uma referência ao Benfica ou ao ΠΑΟ... pelo menos qualquer coisa relacionada com futebol!)

segunda-feira, 10 de março de 2008

DERBY!

No mesmo dia em que se jogou o Sporting vs. Benfica realizou-se aqui em Atenas, umas horas antes, o AEK vs. Panathinaikos (precisamente o equivalente do Sporting vs. Benfica). O resultado foi o mesmo que em Lisboa: um empate a um golo com sabor a vitória para os visitantes. O ΠΑΟ está mais perto do título e talvez seja desta que o José Peseiro ganha realmente alguma coisa.

Fui com um colega da empresa fixolas, embora adepto do AEK, que tem ar de mau mas não faz mal a ninguém – se fosse um cão seria certamente um bulldog.

O estádio OAKA foi desenhado pelo arquitecto Calatrava e é realmente bonito. É grande em largura e não em altura, portanto não é o ideal para jogos de futebol. Mesmo assim, o ambiente esteve razoável com mais de 40.000 espectadores (meia casa). Adeptos do ΠΑΟ só um e infiltrado: eu. A verdade é que é perigoso e, mais do que isso, proibido a entrada de adeptos rivais. São completamente obcecados pela segurança. Uma pena. Um claro exemplo em que em nome da segurança se limita a liberdade. Estava com o cachecol do Benfica e, como o AEK leva com todos os nossos rejeitados, imagino que me consideraram amigável. A verdade é que também mantive uma posição diplomática durante todo o jogo.

O momento alto foi o golo do Postiga com 10 minutos para acabar o jogo que, literalmente, silenciou o estádio. Eu já estava preparado para saltar e gritar golo, quando o meu amigo me pôs a mão no ombro e discretamente bateu com o indicador na temporã. Houve alguns gajos que estavam a topar que começaram a querer confusão mas lá se resolveu tudo porque eu era português e o Postiga também… blábláblá. O problema é que estes tipos são mesmo doidos e pessoas morrem por causa destas coisas. Não que a situação tivesse sido muito grave, mas imagino que se estivesse sozinho pudesse ter sido pior…

Entretanto, ontem, o Manucho estreou-se com um golo na vitória caseira do ΠΑΟ frente ao Larissa. A vantagem é de apenas um ponto e todos os f-d-s são como finais mas, desde já, fica aqui registada a minha convicção de, no final, ir fazer a festa para a AVENIDA ALEXANDRAS com a minha camisola do centenário nº10 e o nome Γιάννης estampado nas costas:

INE HORTO MAGIKO (ΕΙΝΑΙ ΧΟΡΤΟ ΜΑΓΙΚΟ) FERTE MU LIGO GIA NA PIO (ΦΕΡΤΕ ΜΟΥ ΛΙΓΟ ΓΙΑ ΝΑ ΠΙΩ) TON PAO MU NA ONIREFTO (ΤΟΝ ΠΑΟ ΜΟΥ ΝΑ ΟΝΕΙΡΕΥΤΩ) KE NA FONAKSO STO THEO (ΚΑΙ ΝΑ ΦΩΝΑΞΩ ΣΤΟ ΘΕΟ) PANATHA MU SE AGAPO (ΠΑΝΑΘΑ ΜΟΥ ΣΕ ΑΓΑΠΩ) SAN IROINI SAN SKLIRO NARKOTIKO (ΣΑΝ ΗΡΩΪΝΗ ΣΑΝ ΣΚΛΗΡΟ ΝΑΡΚΩΤΙΚΟ) SAN TO RASIS TO LSD (ΣΑΝ ΤΟ ΧΑΣHΣ ΤΟ LSD) GIA SENA PAO MASTURONI OLI I GI (ΓΙΑ ΣΕΝΑ ΠΑΟ ΜΑΣΤΟΥΡΩΝΕΙ ΟΛΗ) PANATHA MU SE AGAPO (ΠΑΝΑΘΑ ΜΟΥ ΣΕ ΑΓΑΠΩ)


domingo, 9 de março de 2008

My big fat greek wedding

O título deste texto é parcialmente enganador. O casamento não foi meu, não foi grande nem gordo, mas foi um casamento grego.

Tinha no imaginário que os casamentos gregos duravam vários dias; partiam copos e pratos, comiam quantidades astronómicas de comida e dançavam a música do Zorba “o Grego” on loop.

Pelo menos ao casamento a que fui convidado não se passou nada disto. Para começar, o casamento foi às 21.00 e prolongou-se durante a noite. É verdade que a cerimónia religiosa em grego clássico tinha um certo ar de misticismo, mas foi super rápida (uns 30 minutos) e praticamente igual às cerimónias religiosas católicas.

O copo de água foi em Glyfada, a Cascais de Atenas, numa espécie de sala de conferências gigante de um hotel. À partida a coisa prometia, porque aquilo tinha pinta de ser uma coisa de nível, mas comecei a desconfiar quando os noivos chegaram, dançaram uma música ao som da Celine Dion e cortaram o bolo. Para mim quando se corta o bolo é sinal de que o casamento está a chegar ao fim e quando ouço músicas da Celine Dion é disso mesmo que estou à espera. Infelizmente, muitas mais músicas da Célina se seguiram… de tal modo que me dei por contente quando passaram à parte da música grega “para dançar numa rodinha”. Obviamente que “dançar numa rodinha” só se dança o vira, então, foi isso que fiz… e é com um certo orgulho que transmito o sucesso do vira entre os bailarinos de casamentos gregos (principalmente aqueles que tinham garrafas de ouzo nas mesas).

Mas a maior decepção foi mesmo a pouca quantidade de comida existente e o facto de ser self-service. Toda a gente sabe que o único motivo de interesse num casamento é tentar recuperar o dinheiro da prenda em quantidade de comida enfardada (eu estava em jejum e preparadíssimo). Não quis acreditar quando as centenas de empregados abriram as marmitas, ficaram tipo sentinelas ao lado da comida, e os convidados se começaram a levantar ordeiramente com o prato na mão para se irem servir.

“ - Ò Meus amigos, isto assim não bate a boca com a perdigota”, não disse mas pensei. De onde eu venho isto não é nada assim. Ainda pensei em pedir reembolso mas, entretanto, começou a dar a música do Zorba e tive que ir dançar o vira.

Carnaval

Não sou um grande fã do Carnaval. Todo o conceito das máscaras e da palhaçada parece-me ridículo e despropositado quando as pessoas já fazem tão bem o papel de palermas no seu dia-a-dia.

Mesmo quando era mais pequeno, nunca liguei muito ao Carnaval. Gostava das mega guerras de balões de água que se faziam no meu bairro, mas apenas porque era uma boa desculpa para me sujar, correr e andar à porrada. Preferia andar a jogar à bola e imitar as jogadas do Maradona ou do Cantona, que eram outras formas muito mais interessantes de fantasia.

Lembro-me de me ter mascarado apenas num ano. Tenho a certeza que nos outros anos também me mascarei de Zorro, de Homem-Aranha, de Super-Homem ou qualquer outra coisa desse tipo, mas esta é a única máscara de que realmente me lembro de tão ridícula e despropositada que era. Devia ter uns 7 ou 8 anos e foi uma vizinha, de quem gosto muito, que teve a infeliz ideia. Lembro-me de pormenores, engraçados para mim mas aborrecidos para qualquer outra pessoa, então, imagino que esta tenha sido uma experiência formativa bastante importante.

É bem possível que eu tenha sido a única criança de 7 ou 8 anos do Mundo, em toda a história da Humanidade, a ser mascarada de Elton John.

É talvez por isso que agora, subconscientemente, o Carnaval me pareça sempre uma coisa ridícula e despropositada. Obviamente que, com 7 ou 8 anos, não fazia a mínima ideia de quem era o Elton John e, na minha típica aproximação monomaníaca às coisas, o mais provável seria não perceber qual o drama em estar mascarado de cantor homossexual adulto, mesmo que me explicassem (com 7 ou 8 anos o meu único drama era conseguir dar 20 toques numa bola de futebol sem ela cair no chão).

A verdade é que, por ser bastante tolerante, há poucas coisas que me entusiasmam verdadeiramente.

Agora na Grécia continuo a não ligar muito ao Carnaval, o que não me impede de gostar das festas de Carnaval a que vou e de ver a reacção das pessoas ao dizer que estou mascarado de Hélio Mandraki Fischer von Erlach Péricles. Antes isso do que de Elton John.

Δεν πειράζει!

Não importa.