segunda-feira, 26 de maio de 2008

Como poupar nos transportes da cosmopolita Atenas?

É chegada a hora da dica “como poupar nos transportes da cosmopolita Atenas”. Primeira e última.

Ora bem, a abordagem do “turista distraído” é infrutífera, Não vale a pena perder demasiado tempo com lamechices porque os revisores em Atenas são como cães de fila empedernidos treinados na arte da incorruptibilidade e a “não largar” a presa. As boas notícias são que, como sempre, há falhas no sistema. Os revisores em Atenas escolhem as “presas” através dos sentidos. Normalmente escolhem os “mal vestidos” ou os “agitadiços” (i.e. se te enquadras neste grupo, não desesperes, continua a ler porque isto é especialmente útil para ti). Portanto, andar de fato no metro é quase como garantir imunidade. “Comprar passes? Não, eu tenho é um fato da Hugo Boss.”

O que se segue não é recomendado a amadores ou consciências mais puritanas. Em apenas 6 passos vou ensinar como poupar nos transportes em Atenas. Na eventualidade de um revisor nos “topar”, no meu caso aconteceu 3 vezes desde Novembro (o que representa uma probabilidade inferior a 2%, mas enfim, vamos reduzir a probabilidade para 0%):

– Não deixar transparecer afinidade com o estilo de vida grego. Morada fixa grega ou trabalho regular grego incluído. “Eu estou aqui de fato porque tenho de ir para o aeroporto, estou atrasado e blábláblá…” para todos os efeitos, a abordagem do “business man com falta de tempo” é um bom disfarce. Não pagar na hora (muitíssimo importante) e entregar o BI ou o passaporte ao revisor para que este passe a multa.
– Esperar que o revisor passe a multa.
– Receber o BI ou o passaporte do revisor.
– Receber a multa do revisor.
– Escutar, com muita atenção, as instruções de onde pagar a multa.
– Desejar-lhe um bom dia e esperar que o revisor siga o seu caminho. Em local seguro, rasgar a multa e colocar num papelão.

Só tenho a acrescentar duas coisas e com alguma seriedade: a primeira é que os transportes públicos, pura e simplesmente, não deveriam ser pagos. Alego objecção de consciência! Afinal, os impostos servem para quê? Se é para criar défices de qualquer forma, então, mais vale ter uma razão válida que não envolva incompetência ou corrupção. Não tenho nenhum prazer ou orgulho em não comprar o passe e muito menos considero que estou a realizar um crime (nos meus padrões, obviamente). Acho que é um direito, só isso. Aliás, admiro sinceramente que mais pessoas – que pagam os impostos – não reivindiquem o direito a transportes públicos grátis ao não pagar. Por acaso a educação paga-se? Por acaso, agora que penso nisso, até se paga e não é um bom exemplo… mas também está errado, ou não!? O princípio é o mesmo. Não compreendo o conceito de uma coisa que alegadamente é pública e depois tenho de pagar por ela como se fosse privada. Se querem que comece a pagar vão ter de passar a chamar-lhes transportes privados. A segunda coisa é que não quero que a Grécia se sinta discriminada em relação a Portugal. Vamos lá a ver, não transgrido nenhuma propriedade, não salto nenhuma vedação e muito menos o faço às escondidas… é como se dissessem que tenho de pagar para me deslocar numa coisa que é de todos e, portanto, minha. Isto faz sentido? Se quiserem que pague vão ter de pôr barras ou qualquer outra coisa que me impeça de progredir normalmente. Vão ter de me obrigar, mesmo, e até agora (já lá vão 24 anos…) nunca o fizeram. Nem vão fazer, porque se quisessem já o tinham feito. No fundo, é uma questão de seguir os 6 passos enquanto não se muda o absurdo – seja em Atenas, Lisboa ou qualquer outro local.

Sem comentários: