Mas mais importante do que o nome é o seu significado e mais importante ainda é a sua aplicação prática. Apenas como conceito não é nada. Na realidade o Karma pode ser aquilo que bem entendermos, o que lhe confere um poder enorme que me agrada. Imagino que nas mãos de alguém malvado como Hitler tenha sido uma coisa terrível mas para alguém que apenas se quer divertir espera-se que seja uma coisa mesmo muito boa. É por isso que não vou explicar o significado da palavra Karma mas, sim, dar um exemplo prático.
Esta é a história da minha viagem a Izmir (Turquia) e, como todas as histórias, muito daquilo que vou escrever não aconteceu e muito daquilo que aconteceu não vou escrever. Aviso, desde já, que algumas coisas não fazem sentido mas esta história é mesmo assim...
O Karma já se havia manifestado antes nesta viagem, em pequenos e subtis pormenores, mas tornou-se um companheiro, fisicamente presente, na viagem de autocarro entre Cesme e Izmir.
Então, o Ramtrinkinssivandslismkironic Parvalhoti Palhaçoti Papadopoulos estava neste autocarro com o cabelo cheio de papéis humedecidos que alguém lhe estava a soprar por uma palhinha. Não sei se o Karma achou que não era castigo suficiente ou se aquilo o estava a incomodar mas ele começou a ficar agitado e toda a gente apercebeu-se que ele era grego. Ser Grego na Turquia não é nada bom e ser um Grego chamado Ramtrinkinssivandslismkironic Parvalhoti Palhaçoti Papadopoulos é apenas uma desculpa para ser expulso do autocarro, à noite e no meio do nada. E foi isso que aconteceu, enquanto o Karma me dava uma palmada no ombro e piscava o olho.
Sinceramente, achei um espectáculo digno de ser visto, talvez um pouco melodramático demais para o meu gosto, mas, enfim, foi de borla.
Isso foi o que achei na altura porque agora compreendo que todos temos um pouco do Ramtrinkinssivandslismkironic Parvalhoti Palhaçoti Papadopoulos dentro de nós. E o Karma decidiu dar-me uma lição: no espaço de poucas horas, perdi-me dos meus amigos, fiquei sem telemóvel e sem dinheiro. A forma como tudo isto aconteceu é uma história dentro de outra hisória mas foi, claramente, o Karma a dizer-me “Toma lá que é para aprenderes ò Parvalhoti Palhaçoti”. Entretanto passaram-se anos, novos países surgiram e quando o Karma achou que já tinha sofrido o suficiente nas ruas frias de Izmir, experimentado a maldade das pessoas más e quando já ponderava a hipótese de me juntar às “crianças suicidas” eis que surge a bondade dos estranhos. Precisa de fazer um telefonema? Não há problema, use o meu telemóvel. Precisa de ir até este local no outro lado da cidade? Eu levo-o.
Então, de regresso a Atenas, fiz 80 km nas estradas da Turquia em 2 minutos, fui o último a entrar num barco que voava e quando cheguei a Atenas estava a nevar e o ano era novamente o de 2008.
O Karma é uma coisa engraçada, mas o que é o Karma? Não é nada e é tudo ao mesmo tempo. Tem muitos nomes e formas. É a tua vida e aquilo que decides fazer dela. Não é uma filosofia que decides seguir, porque a vida não acontece assim. Não acordas um dia de manhã e pensas: “Agora, vai acontecer!”. As coisas acontecem e pronto. É ser melhor todos os dias, “ser eu mesmo mas não ser sempre o mesmo” e é apenas isso.
3 comentários:
Com karmas ou sem karmas, isto é que é vida!
grande viagem grande inspiração! grande karama para ti meu caro
grande "estoria" e lição!!
e o nome do grego é genial!
abraço
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