segunda-feira, 26 de maio de 2008

Α στο διάολο

Durante alguns dias, não chegou a ser sequer uma semana, andei a receber chamadas anónimas no meu telemóvel grego. A cadência das chamadas, essa, compensou a relativa pouca duração da “perseguição” – acho que é esta a palavra correcta. Sem dúvida que isto foi obra de uma “perseguidora” profissional (sim, “perseguidora”) porque num período critico cheguei a ter 54 (!) chamadas não atendidas pela manhã e mensagens, substancialmente mais, perdi-lhes a conta. Guardei cerca de 10, as mais interessantes, como recordação. Tive de gastar largos minutos dos meus dias a apagar mensagens, uma actividade muito pouco estimulante. Uma maçada. Escusado será dizer que o número era privado e, a certa altura, tirei o som do telemóvel porque, sou sincero, das primeiras vezes achei piada e costumava atender o telefone (embora nunca tenha respondido às mensagens). Por mais curiosidade, ou seja lá o que quer que me tenha motivado a “ver até onde é que isto vai”, era impossível acompanhar tamanha neurose e estupidez genuína. Uma verdadeira lição de limites. Foi a partir do momento que deixei de atender o telefone que a coisa tomou estas proporções idiotas. Antes disso, tirando o pormenor de alguém que não conheço de lado nenhum me estar a telefonar constantemente (como se fosse a coisa mais natural do mundo…) nada faria prever esta súbita escalada e descontrolo.

Inicialmente, pensei que fosse uma brincadeira de uma amiga grega cuja noção de diversão é, na melhor das hipóteses, palerma (na realidade, ela tem perturbações mentais). Mas tenho quase a certeza de que – agora que acabou (?) – não foi ela porque já o teria confessado e ter-mos-ia rido disso. Se bem que tudo é possível e, na realidade, ela tem perturbações mentais. Talvez tenha sido uma erasmus ou uma desempregada porque uma “perseguição” deste calibre requer tempo e ociosidade. Não sei, nem quero saber. Neste momento a minha explicação mais consistente é a de que o meu telemóvel esteve momentaneamente possuído por uma entidade alienígena. Senão como é que posso explicar registos de chamadas do meu próprio número? Muito estranho, mas prefiro não pensar muito nisso.

O teor das chamadas era variável, definitivamente a mesma pessoa mas com personalidades diferentes, sem dúvida alguém com treino teatral… ora era a “perseguidora simpática”, ora a “perseguidora zangada”, ora a “perseguidora psicopata”, ora a “perseguidora romântica” e por aí adiante. Não fosse o facto de me estar genuinamente nas tintas e ser pouco impressionável, diria que estive em contacto com uma personalidade digna de estudo. Um verdadeiro tratado de múltipla personalidade e loucura aleatória.

Depois disto, o que eu estou a precisar é de fazer um cruzeiro. Aproveito para lançar um apelo a todos os “perseguidores” que andam por aí: arranjem um passatempo mais saudável, qualquer coisa de mais útil que estimule o intelecto e o corpo. Fazer o cubo mágico, sei lá, qualquer coisa.

Como poupar nos transportes da cosmopolita Atenas?

É chegada a hora da dica “como poupar nos transportes da cosmopolita Atenas”. Primeira e última.

Ora bem, a abordagem do “turista distraído” é infrutífera, Não vale a pena perder demasiado tempo com lamechices porque os revisores em Atenas são como cães de fila empedernidos treinados na arte da incorruptibilidade e a “não largar” a presa. As boas notícias são que, como sempre, há falhas no sistema. Os revisores em Atenas escolhem as “presas” através dos sentidos. Normalmente escolhem os “mal vestidos” ou os “agitadiços” (i.e. se te enquadras neste grupo, não desesperes, continua a ler porque isto é especialmente útil para ti). Portanto, andar de fato no metro é quase como garantir imunidade. “Comprar passes? Não, eu tenho é um fato da Hugo Boss.”

O que se segue não é recomendado a amadores ou consciências mais puritanas. Em apenas 6 passos vou ensinar como poupar nos transportes em Atenas. Na eventualidade de um revisor nos “topar”, no meu caso aconteceu 3 vezes desde Novembro (o que representa uma probabilidade inferior a 2%, mas enfim, vamos reduzir a probabilidade para 0%):

– Não deixar transparecer afinidade com o estilo de vida grego. Morada fixa grega ou trabalho regular grego incluído. “Eu estou aqui de fato porque tenho de ir para o aeroporto, estou atrasado e blábláblá…” para todos os efeitos, a abordagem do “business man com falta de tempo” é um bom disfarce. Não pagar na hora (muitíssimo importante) e entregar o BI ou o passaporte ao revisor para que este passe a multa.
– Esperar que o revisor passe a multa.
– Receber o BI ou o passaporte do revisor.
– Receber a multa do revisor.
– Escutar, com muita atenção, as instruções de onde pagar a multa.
– Desejar-lhe um bom dia e esperar que o revisor siga o seu caminho. Em local seguro, rasgar a multa e colocar num papelão.

Só tenho a acrescentar duas coisas e com alguma seriedade: a primeira é que os transportes públicos, pura e simplesmente, não deveriam ser pagos. Alego objecção de consciência! Afinal, os impostos servem para quê? Se é para criar défices de qualquer forma, então, mais vale ter uma razão válida que não envolva incompetência ou corrupção. Não tenho nenhum prazer ou orgulho em não comprar o passe e muito menos considero que estou a realizar um crime (nos meus padrões, obviamente). Acho que é um direito, só isso. Aliás, admiro sinceramente que mais pessoas – que pagam os impostos – não reivindiquem o direito a transportes públicos grátis ao não pagar. Por acaso a educação paga-se? Por acaso, agora que penso nisso, até se paga e não é um bom exemplo… mas também está errado, ou não!? O princípio é o mesmo. Não compreendo o conceito de uma coisa que alegadamente é pública e depois tenho de pagar por ela como se fosse privada. Se querem que comece a pagar vão ter de passar a chamar-lhes transportes privados. A segunda coisa é que não quero que a Grécia se sinta discriminada em relação a Portugal. Vamos lá a ver, não transgrido nenhuma propriedade, não salto nenhuma vedação e muito menos o faço às escondidas… é como se dissessem que tenho de pagar para me deslocar numa coisa que é de todos e, portanto, minha. Isto faz sentido? Se quiserem que pague vão ter de pôr barras ou qualquer outra coisa que me impeça de progredir normalmente. Vão ter de me obrigar, mesmo, e até agora (já lá vão 24 anos…) nunca o fizeram. Nem vão fazer, porque se quisessem já o tinham feito. No fundo, é uma questão de seguir os 6 passos enquanto não se muda o absurdo – seja em Atenas, Lisboa ou qualquer outro local.

sábado, 17 de maio de 2008

O verdadeiro Iron Man

Provavelmente o Homem mais perigoso do Mundo (com menos de 1,65 metros). Se existirem super-heróis este é um deles: "Iron Mike" Zambidis.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Uma bonita história

Um armador rico de Atenas está a passar 5 dias de férias numa ilha paradisiaca. São os únicos dias de férias que tem durante o ano. É casado, tem dois filhos pequenos mas não passa muito tempo com a família porque trabalha em média 12 horas por dia.

Da sua magnifica casa de férias na praia ele vê um pescador e ao 3º dia decide ir falar com ele:

- Desculpe, mas tenho estado a observá-lo e reparei que apenas pesca das 9:00 às 10:00.
-Sim, e depois?
-E depois não está a aproveitar o dia inteiro. Se pescar mais tempo é provável que arranje mais peixes.
-Sim, e depois?
-Com mais peixes podia ir vendê-los para ganhar dinheiro.
-Sim, e depois?
-Podia juntar dinheiro para comprar um barco. Com um barco podia pescar mais e ganhar ainda mais dinheiro.
-Sim, e depois?
-Com dinheiro pode trabalhar menos e passar mais tempo com a sua família.
-Compreendo... mas veja, a razão porque apenas pesco uma hora por dia é exactamente essa.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

E estas foram as fotos que foram destes 2 meses que foram - Κινέζικο style turista

LEFKADA



A ponte que liga o rio ao anti-rio.



Porto Katsiki










A pensão em Vassiliki










Egremnoi











HYDRA


Maria I








Maria II



























ISTANBUL














quinta-feira, 8 de maio de 2008

E estes foram os dois meses que foram

É estranho que as alturas em que tenho mais tempo livre são aquelas em que estou no escritório. Se soubesse que trabalhar era isto tinha deixado de estudar à mais tempo. Não tenho trabalhado muito, pelo menos, no sentido mais comum da palavra e é por isso que não tenho tido tempo para escrever no blog. Agora que estou a trabalhar e está tudo bem no “reino da Grécia” tenho novamente algum tempo (no horário do expediente, claro, eles que se *****!). Aproveito para fazer um breve resumo dos últimos dois meses (quase) sem notícias. Estes foram os dois meses que foram:

1. Fui passar a Páscoa a Portugal
2. Istanbul
3. Torneio de Kickboxing em Peristeri (o Napoleão, juro que se chama Napoleão, conseguiu arranjar-me lugares na primeira fila e o Mike Zambidis sentado ao meu lado, um dia feliz!)
4. Hydra
5. Páscoa Ortodoxa
6. Lefkada

E é isto, dois meses da vida de uma pessoa resumidos em 6 pontos. Sou aborrecido. Prometo que me vou esforçar para poder acrescentar mais pontos aos próximos 2 meses (como defesa só posso dizer que o Benfica e o ΠΑΟ também não ajudam... tenho uma aproximação monomaníaca às coisas e nos últimos 24 anos apenas penso em futebol).

Um grande γεια σασ à xôra dona Ιφιγένεια Κοντοκαλου...

...acabo de lhe pagar a penúltima renda da casa. A parte de pagar é a única coisa da qual não vou ter saudades, isso seria parvo, ainda é bastante dinheiro e custa-me carregar as notas no bolso.
Aqui na Grécia os pagamentos são feitos "à cigano". Cartões e máquinas são para maricas, aqui, paga-se com dinheiro vivo e a palavra vale mais do que um papel rubricado. Chamem-me cigano mas este é o meu tipo de relação de negócios. Cospe-se na mão, dá-se um bacalhau e é como se um laço invisível de fidelidade nos unisse.
De resto, acho que não podia ter encontrado melhor pessoa a quem pagar. Acabo por considerar a minha senhoria uma amiga (de 80 anos). Daquilo que me apercebi teve uma vida de luta, perseguida pelos nazis e outras coisas invulgares mas um bocado deprimentes. Não que ela se queixe particularmente mas deu para entender.
Histórias interessantes que ela contou todos os meses, sempre em grego, portanto o início não apanhei totalmente. Só a partir de 1939.
Pagar a renda acabou por se tornar um ritual menos penoso do que o habitual por causa da xôra dona Ιφιγένεια Κοντοκαλου, dos seus bolinhos caseiros, "fruta da aldeia" e, claro, das suas histórias (muitas delas sobre os seus bolinhos caseiros e "fruta da "aldeia"). Lembra-me uma vizinha que tenho em Lisboa, não sei bem porquê até porque não são nada parecidas agora que penso melhor nisso. Talvez sejam parecidas numa primeira abordagem... pouco importa.
Fico com a sensação de que é comuna. Embora não sendo comuna (sou de "esquerda", claro!) sempre gostei deles, não num sentido de "ahhh, tão giro, ainda acredita no Pai Natal!" mas no sentido de admirar quem acredita em valores bastante honestos, honrosos e luta por eles.
Utopias, talvez, mas uma utopia, por ser utopia, não deve ser desprezada nem desacreditada, pelo contrário, o mínimo que se pede a alguém verdadeiramente empenhado em mudar, para melhor, o estado actual das coisas é pensar em grande, fixar uma meta – tanto melhor – impossível e fazer o impossível para alcançá-la. Mesmo que não se atinja o objectivo traçado, caminhou-se no sentido desejável e aos poucos a utopia torna-se realidade. Talvez seja por isto que a senhora Ιφιγένεια Κοντοκαλου me pareça comuna... provavelmente não gosta de política (no próximo mês tenho de lhe perguntar, é a minha última chance!).
São coisas triviais mas, daqui a uns tempos, vou poder fechar os olhos, saborear petiscos e ouvir mais histórias interessantes... "Que bolos e petiscos ela vai fazer no próximo mês? Aposto que vai ser algo em grande, a Ιφιγένεια sabe bem!" Não interessa, paciência, da próxima vez que ler isto já saberei a resposta...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ο αγώνας συνεχίζεται!

Depois de uma ausência mais ou menos forçada o Horto Magiko está de volta. É altura das equipas regressarem do intervalo e começar a segunda parte. Não prometo golos mas prometo trabalho. A luta continua... a partir da próxima semana.